quarta-feira, 28 de março de 2012

SONO!

 Dormi ontem dentro do ônibus e  passei do meu ponto. Engraçado? Cômico! Se não fosse trágico...Você já percebeu quantas pessoas dormem dentro do ônibus, metrô ou até mesmo nos lugares mais inusitados? Fiquei imaginando porque estamos tão cansados...

Antigamente, a vida era muito mais tranquila. Acordávamos as 7 horas, em 30 minutos chegávamos no trabalho - mesmo sendo longe - tínhamos pelo menos uma hora de almoço -  e ainda dava para dar uma escapada ao comércio local e espairecer um pouco. Dava tempo! Retornávamos do almoço, a tarde passava tranquila e retornávamos ao lar.

 Em casa, depois da janta e do Jornal Nacional, pouco mais tinha para se fazer. Quem gostava de novela curtia, quem não, procurava um bom livro e ia para a cama. Leitinho com Toddy e só. Se desse insônia, nem adiantava ligar a TV, tudo o que se via eram aquelas faixas coloridas tediosas que anunciavam: Estamos fora do ar, por que você não faz o mesmo? Sem mais nenhuma opção de entretenimento, sucumbíamos ao sono e nos entregávamos aos braços de Morfeu...E dormíamos!

 Hoje em dia temos que acordar no mínimo duas horas mais cedo. Tomamos café em pé e vamos para a academia. Tudo otimizado para não perder tempo, então fazemos já o circuito doloroso para garantir melhores resultados... Precisamos estar lindas! Casa, rápida checagem de e-mails, uma barrinha de cereal  e mais uma xícara de café para garantir os olhos abertos. Banho, higiene bucal em 5 minutos, produção elaborada e...Trânsito! Quem tem a sorte de morar perto do trabalho, ok. Mas quem não tem...1 hora, 1 hora e meia, 2...Tenho colocado toda a minha leitura em dia, afinal...Não tenho mais tempo!

 No trabalho, temos mesmo um milhão de coisas para fazer e invariavelmente almoçamos em frente ao computador. Não podemos deixar nada escapar, nem uma notícia, nem uma novidade. Tudo tem que ser pra ontem, a manhã engole a tarde e não sabemos nem se chove lá fora. Voltamos para casa com a sensação de que estamos deixando de fazer algo e nem ler queremos mais. Os olhos doem devido ao tempo de exposição as luzes inebriantes do computador e arrisco um cochilo...Tempo para dormir? Também não tenho mais!

 Em casa, o máximo que consigo é colocar algo no microondas. Preciso novamente checar e-mails, Face, twitter, afinal, já se passaram 2 horas! Me recuso a ficar acessando tudo de todos os lugares onde estou, ainda não enlouqueci! Para casa de filhos, banhos, geral em tudo.Tem gente que ainda estuda de noite - como eu já fiz - e aí ainda existem trabalhos, matérias, fóruns...Além de lindas, precisamos ser inteligentes, competentes, preparadas...

 E para não surtar de manhã, tenho que deixar tudo pronto para o dia seguinte: Uniforme dos meninos, mochila, material, bilhetinho de professora assinado... Jornal Nacional já ficou obsoleto, o negócio agora é o Jornal das dez na TV a cabo...Se der tempo! Quando finalmente consigo colocar todo mundo na cama e imagino que terei alguns minutos de sossego, o filho surge com uma carência enorme de quem não viu a mãe o dia inteiro e quando vê, ela invariavelmente está no computador ou enlouquecida com outra coisa. Dormimos embalados pelo som das notícias que percebo que nem interessam tanto mais assim, se ainda nem ao menos perguntei para o meu filho como foi o dia na escola...

 Só me resta esperar ansiosa o final de semana para simplesmente me deixar levar pelos braços de Morfeu, longe de ônibus, metrô, trânsito... Esquecer um pouco os compromissos, a internet, a velocidade do mundo que nos atropela sem pensar e nos leva invariavelmente a dizer: O ano tá voando!

Não é o ano que está voando...Somos nós que não estamos mais!


2 comentários:

  1. Exatamente assim, Carol! Sinto que o tempo encurtou, mas na verdade, o tempo continua o mesmo, inexorável e lento. Nós é que estamos, cada vez mais, cheios de compromissos. Sedentos de novidades. E a cada dia, mais conectados. Não nos permitimos o ócio, a simplicidade, a tranquilidade. A impressão que tenho é que a qualquer momento, o mundo acaba. Preciso terminar as tarefas, entregar o serviço do cliente, ser competente. E assim, o tempo vai se esvaindo, doce se tornando amargo, o sono dando lugar à insônia e o pior, as bobagens das redes sociais tomando o lugar da arte. Não generalizo, mas é tanta futilidade, que definitivamente, estou cansando disso tudo. Estou exausta. preciso voltar ao passado. bjs

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  2. Dias e noites sem luz, é o que precisamos! Bjs amiga!

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