terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MÃES E FILHOS

  Estou chegando a uma fase da minha vida em que me pego às vezes sendo filha dos meus filhos. Nunca imaginei que isso fosse acontecer tão rapidamente, mas quando Victor - 11 anos - perguntou a que horas eu ia voltar para casa, levei um susto:
- Como é que é?
- É, que horas você volta? E onde você vai?

  Sinceramente, não sei o que perdi. Quando meu filho se tornou meu pai? Em que momento ele se achou no direito de tomar conta de mim? Fiquei atônita com a situação, dei um suspiro e respondi:
- Acho que a mãe AINDA sou eu!

  Como sou divorciada e tenho dois filhos homens, isso se torna mais incrível. Tenho pequenos machões em casa que criticam minhas roupas e o meu horário.Me censuram quando, sem querer, solto um palavrão e têm o topete de dizer não às minhas ordens.Estamos deixando de ser mães?

  Não, longe disso. Apesar de também ser amiga dos meus filhos, curtir os mesmos desenhos e comer a caixa inteira de bombom disputando até o último preferido, chega a hora do limite.Tem que chegar. É quando o não é mais forte, o olhar diz tudo e eles se resignam a obedecer.E tem também aquele beijinho que cura qualquer machucado, o colo que segura toda onda e a historinha antes de dormir ( quando não acabamos dormindo juntos). É, ser mãe hoje em dia requer muito mais habilidade do que poderiam imaginar nossas avós. E ainda tive de olhar o perfil do meu filho no orkut para ver o que andava acontecendo...pode?

  Nos desdobramos em cuidados em um mundo que os leva cada dia para mais longe de nós.Eles tem acesso a tudo, sabem de tudo e querem muito mais. Querem o que não tem e o que está por vir.E os puxamos de volta, para o nosso colo imenso e coração amedrontado, que vê e ouve tantas barbáries e gostaria de tê-los para sempre sob nossas asas de mãe coruja. Mas filho não é da gente, é do mundo.Escrevo isso ainda com um pequeno aperto no peito e sei que devo fazer o melhor para eles e para o mundo que vai lhes acolher. Devo repassar os valores, dar responsabilidades, limites e educação. Criar um cidadão que saiba realmente viver bem. E ainda ser feliz! Mas isso é consequência. Enquanto pudermos rir de desenhos bobos e disputar o último bombom, seremos capazes de qualquer coisa. Até de falar a que horas eu vou voltar...

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