segunda-feira, 31 de outubro de 2011

REAL VIDA


 Já repararam como as propagandas de qualquer tipo de produto só vislumbram a perfeição? Outro dia é que me dei conta disso... A mulher falava assim: Primeiro eu tratei de crescer, me apaixonei, casei com o homem da minha vida e tive uma filha...Perfeita, lógico! Nunca vi nada parecido com:

- Engravidei no susto no primeiro período de faculdade, o homem que eu achava que era o amor da minha vida não quis saber de nada, me casei com outro que achava que seria perfeito também, tive outro filho no susto e depois de mais uma decepção, mudei de profissão, de cidade e hoje realmente sou feliz com o homem da minha vida...

 Afinal de contas, a vida não é perfeita. Não é certinha. Nem pré-determinada. Temos percalços – muitos – e aprendemos com eles. Mas parece que tudo isso é errado e não podemos retratar a vida como ela é.

 A mesma coisa acontece com a beleza. Para ser interessante, a mulher tem que colocar silicone, fazer lipo, oxigenar as madeixas e ter cara de paisagem. Ainda bem que algumas marcas já perceberam que não funciona assim e que tem muita gente boa e feliz que não se enquadra mais nesses estereótipos.

 Além disso, o que menos temos hoje são coisas certinhas. Os filhos convivem com a namorada do pai com a mesma alegria que brincam com o namorado da mãe. Ou a namorada. Engraçado como a sociedade evoluiu, mas os meios de comunicação pouco absorveram essas mudanças. Parece que a mulher ainda está em busca do seu príncipe encantado enquanto que o homem tem que posar de cafajeste e eleger a mais linda e burra para ser sua.

 E não é só na TV. As revistas femininas ainda mostram o sexo como a única maneira de segurar o seu “homem” e inventam posições e vendem lingeries em busca do relacionamento perfeito. Poucas escrevem artigos mais profundos que possam nos levar a refletir em torno de algum assunto. E realmente gostaria de saber o por que.

 Vivemos tantas revoluções na moda, nos nossos direitos e em nosso comportamento que fica difícil acreditar que em pleno séc. 21 ainda nos submetemos aos caprichos e desmandos de qualquer tipo de padrão. Sou mãe e pai, trabalho, estudo, namoro e ás vezes me sinto um verdadeiro ET. As pessoas perguntam se não vou me casar de novo, acham absurdo criar dois filhos praticamente sozinha e não entendem que sob essa aparência de caos temos uma vida absolutamente normal e divertida.

 Mesmo com todas as dificuldades de criar dois filhos homens, posso garantir que eles são crianças absolutamente felizes e encantadoras. Se saem muito bem na escola, são educados, lindos e descolados. Meu namoro é uma delícia e meus filhos adoram o homem que escolhi para dividir a vida. Sou uma profissional competente, estou terminando a segunda faculdade e tenho energia para mais um monte de coisa. E recebo amor incondicional de três homens maravilhosos!

 Posso não ter trilhado o caminho mais tranquilo, pulei algumas etapas, deixei outras de lado, mas mesmo com todos os desafios, tenho uma vida alegre e completa. E gostaria muito que todas as pessoas soubessem que não precisamos de corpos e comportamentos ditos perfeitos para nos sentirmos bem. Talvez seja necessário uma campanha para a “Real Vida”, afinal, aceitar a nossa realidade e encarar a vida de frente ainda é única maneira de ser verdadeiramente feliz!

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