Sábado de carnaval. A tarde acontece preguiçosa na cafeteria Três Corações. Calor de 30 graus, mostra impiedoso o termômetro da praça. Me convido a um chope solitário. Afinal, quem tinha que ir, já foi. Restamos nós, desconhecidos na embriaguez de uma cidade prestes a parar. Um clima de boemia paira sobre todos. Uma brisa suave consegue disfarçar um pouco o calor e traz saudades de outros tempos...
Observo os transeuntes com jeito de intelectual enquanto faço minhas anotações no papel que serve de apoio para os pratos.Deveria ter sempre meu caderno na bolsa...Uma senhora passeia com o cachorrinho, as crianças leves se divertem com o pouco que a pracinha oferece. Não precisamos de muito, afinal. O esvaziar lento das ruas segue junto com o pôr-do-sol. Tudo está a espreita do feriado. Dá até preguiça de pedir a conta. Será que me arrisco a procurar um livro?
Prefiro observar as pessoas. A cerveja começa a fazer o seu efeito gostoso e tudo fica mais dormente. Alegres pedestres ainda se atrevem a desafiar o tempo que resta. Será que vão a bailes? Ou fogem para suas casas?As locadoras de filmes estão cheias. Tenho 3 a minha espera. Fujo da folia.Me sinto segura em meu mundo, onde tenho o controle de quase tudo. Quero estar atenta. Acho que não consigo terminar outra cerveja...
São 18:00 hs. O céu de cor indefinida dá o tom de dúvida: Será que amanhã vai dar clube? É um opção boa para a preguiça desses dias mornos. Só sentir o Sol e não ter que pensar em nada. Me sinto filha do Sol, preciso dessa energia. As ruas estão quase vazias. Uma patrulha começa sua ronda. Estou em segurança? A Savassi está sob o meu domínio. Mas não domino situações. A noite vem cheia de promessas. Encontros e reencontros. Até onde posso me arriscar? Quero outro corpo junto ao meu, sem ter que me expor. Até quando? Sinto medo de amar.O garçom se aproxima:
- Quem sabe mais uma cerveja...
O celular toca. É o convite que aguardava. Posso ignorá-lo. Posso me esconder. O toque insistente me incomoda. Atendo. Do outro lado uma voz rouca pergunta onde estou:
- Na cafeteria.
- Sozinha?
- Sim.
- Estou indo te buscar.
Não quero ser buscada. Não quero ter que fazer nada. Quero terminar minha cerveja sozinha. O garçom deve estar me achando patética. Peço a conta.Quero voltar para o meu mundo, quero os meus filmes, comer bobagens. Não quero nem me arrumar. Mas alguma coisa acontece em mim. A vaidade é obssessiva. O pior dos pecados. Existe o jogo, a conquista. Não escapo. Ele chega e simplesmente me deixo levar...para outros pecados.Para a próxima cerveja.
>
Observo os transeuntes com jeito de intelectual enquanto faço minhas anotações no papel que serve de apoio para os pratos.Deveria ter sempre meu caderno na bolsa...Uma senhora passeia com o cachorrinho, as crianças leves se divertem com o pouco que a pracinha oferece. Não precisamos de muito, afinal. O esvaziar lento das ruas segue junto com o pôr-do-sol. Tudo está a espreita do feriado. Dá até preguiça de pedir a conta. Será que me arrisco a procurar um livro?
Prefiro observar as pessoas. A cerveja começa a fazer o seu efeito gostoso e tudo fica mais dormente. Alegres pedestres ainda se atrevem a desafiar o tempo que resta. Será que vão a bailes? Ou fogem para suas casas?As locadoras de filmes estão cheias. Tenho 3 a minha espera. Fujo da folia.Me sinto segura em meu mundo, onde tenho o controle de quase tudo. Quero estar atenta. Acho que não consigo terminar outra cerveja...
São 18:00 hs. O céu de cor indefinida dá o tom de dúvida: Será que amanhã vai dar clube? É um opção boa para a preguiça desses dias mornos. Só sentir o Sol e não ter que pensar em nada. Me sinto filha do Sol, preciso dessa energia. As ruas estão quase vazias. Uma patrulha começa sua ronda. Estou em segurança? A Savassi está sob o meu domínio. Mas não domino situações. A noite vem cheia de promessas. Encontros e reencontros. Até onde posso me arriscar? Quero outro corpo junto ao meu, sem ter que me expor. Até quando? Sinto medo de amar.O garçom se aproxima:
- Quem sabe mais uma cerveja...
O celular toca. É o convite que aguardava. Posso ignorá-lo. Posso me esconder. O toque insistente me incomoda. Atendo. Do outro lado uma voz rouca pergunta onde estou:
- Na cafeteria.
- Sozinha?
- Sim.
- Estou indo te buscar.
Não quero ser buscada. Não quero ter que fazer nada. Quero terminar minha cerveja sozinha. O garçom deve estar me achando patética. Peço a conta.Quero voltar para o meu mundo, quero os meus filmes, comer bobagens. Não quero nem me arrumar. Mas alguma coisa acontece em mim. A vaidade é obssessiva. O pior dos pecados. Existe o jogo, a conquista. Não escapo. Ele chega e simplesmente me deixo levar...para outros pecados.Para a próxima cerveja.
>
AMEI!!! Que texto ótimo, delicioso de ler! Parabéns, Carol! Estou ficando cada dia mais fã desse seu lado tão 'meu colega de dons e desejos' que até ontem eu desconhecia!
ResponderExcluirBeijos,
Carol'zinha'